Impregnar-se: Não tiramos um peixe fora da água para ver como ele nada.
- Elizete Almeida
- 1 de jun. de 2016
- 2 min de leitura

A imersão do pesquisador em um meio de vida, de trabalho. Defrontando em carne e osso com a realidade que quer estudar. Isso é observação participante!
Devemos observar mais de perto os que a vivem e interagir com eles. Nessa expressão temos observação e participação. Temos então a combinação de dois tipos de situações: o pesquisador é testemunha (isso é observação) e o pesquisador é co-ator (interagindo, isso é participação).
A observação permite descrever o que vemos, mas também faz emergir questões sobre o que procuramos compreender das representações, do simbólico, das relações sociais, das interações lógicas, etc.
Essas questões não podem ser coletadas como, por exemplo, um conjunto (ou uma amostra) de pedras que reunimos e colocamos numa caixa e enviamos para um laboratório para análise. A compreensão dessas questões (subjetivas) se constrói, não está pronta.
Se no conceito de observação cabem muitas definições, o de participação é muito mais evasivo. Seu objetivo é mergulhar na vida de uma comunidade, de um serviço, de um grupo social, etc. Porque estar no ambiente é uma condição necessária para acessar a fontes de informações importantes e diversas, em campos aparentemente distantes do problema estudado, mas que permitem compreender o fenômeno em toda a sua extensão.
Quando a observação levanta questões, às vezes modifica a problemática inicial.
Assim sendo, como um pesquisador pode “pensar” as boas questões a serem colocadas sobre determinado tema, se ele se contenta com partir de seus próprios pressupostos, de seus próprios quadros de pensamento?
Dessa forma, em visitas sistemáticas aprofundamos, aperfeiçoamos a compreensão das coisas, sabendo que de todo jeito haverá conhecimento a que não teremos acesso (segredos). Uma problemática inicial pode, graças à observação, modificar-se.
Partimos com uma problemática que permite fazer um guia de observação, não de observação inocente, mas de observações estruturadas em função do que pesquisamos.
Mas cabe ao pesquisador de campo: observar aquilo para o que não está preparado; estar em condições de produzir dados que o obrigarão a modificar suas próprias hipóteses.
Pesquisadores para este tipo de abordagem são indivíduos não abstraídos de suas condições concretas de existência, de trabalho, diferentemente dos indivíduos pesquisados por amostra e que devem ser representativos de variáveis abstratas e padronizadas.
Adaptado de NOTAS PARA A ELABORAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE OBSERVAÇÃO de autoria de Tatiana Engel Gerhardt.
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